Por Juliene Katayama, G1 MS

09/05/2018 11h20 Atualizado há 3 horas

No parto humanizado, tudo é feito no tempo natural da mulher e do bebê (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal) No parto humanizado, tudo é feito no tempo natural da mulher e do bebê (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal)
No parto humanizado, tudo é feito no tempo natural da mulher e do bebê (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal)
A fotógrafa Marithê Lopes, 27 anos, não imaginava que a gravidez de uma prima fosse lhe dar mais que um familiar, lhe proporcionou o empurrãozinho que faltava na vida profissional. O pedido foi feito em junho de 2016 e depois disso já foram mais de 20 partos humanizados registrados para a eternidade.

“Fiquei muito ansiosa porque não sabia como funciona um parto. Cancelei viagens porque podia nascer a qualquer hora. No dia, eu estava fazendo prova prática da autoescola, errei a baliza para dar tempo e só foi nascer no começo da tarde. Depois uma amiga jornalista comentou para eu fotografar o parto do filho dela. Aí decidi que era isso que queria para minha vida”, afirmou Marithê.

Depoimento de Marithê na rede social agradecendo a oportunidade que fez despertar o dom para fotografia de parto (Foto: Reprodução/Facebook) Depoimento de Marithê na rede social agradecendo a oportunidade que fez despertar o dom para fotografia de parto (Foto: Reprodução/Facebook)
Depoimento de Marithê na rede social agradecendo a oportunidade que fez despertar o dom para fotografia de parto (Foto: Reprodução/Facebook)
“A fotografia de parto, todo mundo deveria ter. O nascimento é muito peculiar, é um portal que leva os pais ao momento de amor pelo filho. No momento do parto acontece muitas coisas e a mulher não consegue prestar atenção em tudo e com a fotografia ela pode ver depois”, afirmou a fotógrafa Marithê Lopes.
Uma das grávidas que a fotógrafa acompanhou foi a agente de atendimento Juliana Samaniego, de 33 anos. A pequena Manoela está com 4 meses vai poder saber como foi a vinda dela ao mundo.

“Você acompanha tudo. Você acaba de ter e vem direto para mim, a emoção é única, do jeito que você quer fazer”, contou Juliana Samaniego, de 33 anos, mãe da Manoela, de 4 meses.
Assim que Manoela nasceu, vai direto para os braços da mãe (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal) Assim que Manoela nasceu, vai direto para os braços da mãe (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal)
Assim que Manoela nasceu, vai direto para os braços da mãe (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal)
Juliana escolheu o parto humanizado domiciliar da terceira filha depois da experiência ruim do primeiro filho no hospital. O primogênito tem 11 anos, mas as lembranças ainda são fortes. O segundo e o terceiro herdeiros ela escolheu ter no próprio lar.

“Preferi em casa do que no hospital e optei de novo pela segurança. O parto hospitalar foi cesariano e não pude entrar com acompanhante, para mim foi muito solitário. Na minha casa pude andar, baixar, gritar. Você tem o conforto da sua casa”, disse Juliana.

A doula de Juliana foi a psicóloga de formação Mariksa Ungerer, 38 anos, que após viver uma experiência traumática durante o parto da filha, ela que já trabalhava diretamente na assistência à saúde da mulher com foco no pós-parto decidiu fazer o curso e atuar na área. Em cinco anos trabalhando como doula, ajudou a colocar no mundo cerca de70 crianças.

“Geralmente eram as mães de primeira viagem. Agora são de segunda e terceira [viagens] que não puderam ser assistida ou não tiveram boa experiência [no parto]”, observou a doula sobre o tipo de cliente em Campo Grande.

Segundo a profissional com formação internacional, hoje, as mulheres têm mais autonomia, porque conseguem escolher o parto a partir da 38ª semana de gestação, assim o parto humanizado tem ficado mais popular. De acordo com Mariksa, antes nasciam bebês muito prematuros e não tinha vagas nas Unidade de Terapias Intensivas (UTIs) neonatais.

mulher escolhe como quer dar a luz e o pai também participa do parto humanizado (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal) mulher escolhe como quer dar a luz e o pai também participa do parto humanizado (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal)
mulher escolhe como quer dar a luz e o pai também participa do parto humanizado (Foto: Marithê Lopes/Arquivo Pessoal)
“Na maternidade, o parto começa quando a mulher chega, pari e tem o pós-parto. Na questão da humanização, a mulher tem direito à entrada do companheiro, da doula, é recebida com palavras de acolhimento, escolhe a posição que queira ganhar o bebê, o plano de parto é respeitado, tem acesso livre a banhos e massagens, o bebê vai primeiro para o peito, a placenta não é retirada às pressas, nem o cordão cortado antes de terminar a pulsação”, explicou a doula.

Números assustadores
Apesar da popularização dos partos humanizados e dos programas públicos para incentivar os partos normais, os números ainda revelam que a preferência das gestantes pela cesariana é maior na rede pública de saúde.

No ano passado, em Mato Grosso do Sul, 61,99% dos partos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foram cesáreas. O percentual representa 27.643 com 16.943 partos normais. O custo também é mais alto. De acordo com a Secretaria do Estado de Saúde (SES), o custo do parto cesariano é em média R$ 545,09, contra R$ 443,40 do parto normal.

CAMPO GRANDE

MATO GROSSO DO SUL

Entrevista na íntegra:
https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/sem-a-experiencia-da-maternidade-fotografa-de-ms-eterniza-nos-clicks-a-emocao-do-parto.ghtml

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