Dedicação pelo bem estar da gestante
Doula e enfermeira relatam histórias sobre benefícios do parto humanizado
21/01/2018 11:30 (MS)
Vitória Ribeiro
Arquivo Pessoal/Juliana |
Doula e enfermeira trabalham sempre juntas auxiliando no parto da Juliana |
“Eu prefiro o parto domiciliar principalmente pelo pós-parto. Em dois dias você está ótima e optei por ele pela comodidade da casa. Mas aconselho que as gestantes deem prioridade pro parto normal. Nem defendo tanto o domiciliar porque depende de cada uma, mas defendo o normal com todas as forças”, garantiu Juliana Quidad Samaniego, 33, agente de atendimento e mãe de três crianças.
O primeiro filho, um mocinho de 11 anos, nasceu de uma cirurgia cesariana. As duas meninas, uma de três e a outra de quase um mês, nasceram em casa. Juliana assegura que a cesariana é uma opção cômoda e fácil, mas a dor é pior e tem um pós-parto muito dolorido.
E foi em sua última gestação que conheceu Alice Inácio de Paula e Mariksa Ungerer, duas pessoas que fizeram do nascimento da caçula, um momento único e inesquecível. Alice Inácio de Paula é enfermeira especialista em Neonatologia, Obstetrícia e Homeopatia. Desde 2015 realizou 38 partos domiciliares em Mato Grosso do Sul, sendo 34 na Capital e 4 no interior. Um deles foi o nascimento da Manuela, filha da Juliana.
Arquivo Pessoal/Juliana |
Juliana com a filha no colo após o nascimento em um parto domiciliar |
A mãe de terceira viagem recebeu toda a assistência da Mariksa, que é doula e idealizadora da Papo de Gaia, uma empresa que oferece desde 2014 todo tipo de assessoria à gestante desde o pré até o pós-parto. Criada após uma roda de conversa com mulheres sobre depressão pós-parto e baby blue. Ocorreu a criação no mesmo ano do Instituto Maternar, fundado pela Alice. Porém, só em 2017 que as duas resolveram firmar uma parceria fazendo com que a gestante que se aproxima com uma, possa desfrutar do trabalho de toda uma equipe da outra.
Além da Mariksa e da Alice, ainda existem cerca de 10 profissionais que se dedicam junto à elas pelo bem estar da gestante. O foco inicial do Instituto Maternar era o de atender crianças recém nascidas em ambiente domiciliar ao invés da realização do atendimento no hospital. Com o tempo, Alice focou também no parto em casa,no acompanhamento pré/pós-natal e neonatal.
No decorrer da conversa, as profissionais explicaram que o Instituto Maternar e Papo de Gaia são parceiros, mas isso não exime de realizar um trabalho com outras gestantes. Se uma gestante chega na Papo de Gaia, por exemplo, não significa que ela realizará o parto domiciliar com a equipe do Instituto Maternar e vice-versa.
“Em primeiro lugar é pregado o respeito com o desejo da mulher. Não importa se ela quer cesárea, no hospital ou em casa: o que importa é a qualidade do nascimento. O desejo da cesárea pode ser tão forte quanto o do parto domiciliar”, disse Mariksa. Já Alice explica que caso haja interesse da gestante em realizar o parto domiciliar, as meninas orientam qual é o melhor.
“O que não pode é deixar o sistema abater mulheres em lotes para definir a forma de nascer. Nós abraçamos o processo humanizado e sendo assim, não tem como não respeitar a decisão da gestante seja ela qual for”, diz.
Conforme Alice, “para cada mulher existe um perfil para fazer parto domiciliar: a gestação deve ser de baixo risco. Se há qualquer risco como por exemplo diabetes e hipertensão não controladas e doenças imunológicas, o parto domiciliar não é recomendado. E para um bom parto domiciliar, é necessário que a gestante tenha uma boa doula. A doula no parto, reduz pedidos de cesárea e anestesia pois ela encoraja a gestante”.
Um aspecto positivo do parto domiciliar é não ter rotina nem demanda de pacientes, podendo a doula e a enfermeira dar total atenção à gestante, como não ocorreria em um hospital.
“Os médicos não fazem isso pela demanda”, explicam as profissionais. E enfatizam que a enfermeira e a doula são peças fundamentais e é bom que trabalhem juntas pois se completam.
“A enfermeira sabe como fazer e a doula no parto é a anestesista pois lida com métodos não farmacológicos como massagens, banhos e óleos para redução da dor. A doula é aquela quem cuida e a doulagem é o acompanhamento de preparação para o parto. A doula é o filtro da informação com tecnologia” esclareceu Mariksa
Especialistas citam mitos usados e questionamentos para induzir à cesárea
Após questionadas sobre os mitos usados pelos médicos para induzir à cesárea, Alice de Paula e Mariksa Ungerer responderam categoricamente: cordão enrolado no pescoço. “Não é possível o bebê se sufocar pois ele não respira imediatamente no momento em que a cabeça entra em contato com o mundo exterior, demora uns segundos. Então caso o cordão esteja enrolado, é perfeitamente possível realizar um parto normal e ir desenrolando conforme o nascimento. O bebê começa a respirar apenas quando o corpo sair completamente e quando a placenta descola do útero”, explicou Alice.
Mariksa explicou também que tudo acabava virando motivo, “ou o bebê é muito grande e a mãe muito pequena; o quadril é muito largo ou muito estreito. Pela idade da mulher, por ela ser jovem demais ou velha demais, dizem que tem pouca água ou dizem que tem muita água. Todos esses são mitos para que a cesárea seja induzida naquela gestante. Para sanar todas as dúvidas, aconselho às gestantes a assistirem ao documentário ‘renascimento do parto”.
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Ref. http://www.oe10.com.br/noticia/14248/dedicaaao_pelo_bem_estar_da_gestante.html