[relato de parto] [alerta de textão] 💕

Exatos 7 dias às 14hs ela nasceu!

À DPP da Lara Lis era dia 04 de setembro, onde completaria o período de 40 semanas, mas sabíamos que poderia vir alguns dias antes .
No dia 19/08 (segunda feira) fui na consulta que seria a penúltima com a gine, estava com 37s e 5d, me examinou e a cabecinha dela estava alta, então a Dra. disse, acho que ainda nos veremos na última consulta dia 27/08.
No dia 22/08 (quinta feira) com 38 semanas e 2 dias, passei a tarde deitada pois estava com as famosas Braxton Hicks (contrações de treinamento) sem dores. Eu estava sozinha com o Miguel, mas estava tranquila que não nasceria naquele dia. No dia seguinte, ainda sozinha com o Miguel, eu acordei super bem, o cara do Uber até perguntou quando ia nascer, mal sabíamos que seria no dia seguinte.
O Paulo voltou do serviço no fim do dia, e tinha programado de ir às comprar no sábado de manhã para comprar as coisas da lista para o PD (parto domiciliar). Ok, fomos dormir e eu não sentia nada além das contrações de treinamento (sem dores, não ritmadas). No dia seguinte (sábado), eu acordei às 7hs com um pouco de dor na lombar e uma leve cólica, pedi que o Miguel fosse chamar o Paulo que estava deitado no sofá. Ele sentou do meu lado e observamos um pouco, resolvi levantar da cama às 8:30 pra saber se as dores na lombar era por conta de ter dormido de mal jeito, talvez. Tomei banho e me arrumei para ir às compras, mas percebi que as dores continuaram, então mandei mensagem às 10:10 no grupo para minha doula MARIKSA e a enfermeira obstétrica/parteira ALICE, que pediu para que eu tomasse um banho morno, e que se as contrações continuassem por mais de 2 hs (ritmadas) estaríamos em um trabalho de parto. Começamos a monitorar pelo app de contador de contrações, mandei no grupo e elas disseram que estavam irregulares ainda, as dores estavam suportáveis, eu não tinha perdas (sangue, líquido, tampão). Ok vamos continuar observando. Eu tranquila, decidi, vamos logo as compras pq pode nascer amanhã. (Não acreditando que nasceria horas depois). Deixamos o Miguel na casa da vó e fomos a Sertão às 11:00 comprar o plástico pra piscina/banheira, pq eu sempre quis parto na piscina e tinha certeza que nasceria na água(kkk). No caminho até a loja, as contrações estavam mais doloridas porém ainda suportáveis. Entramos na loja e parei duas vezes no corredor esperando passar a contração que durava 1 min no intervalo de 5, 8 ou 10 min (não estavam totalmente regulares). E mantendo contato no grupo, me perguntaram como estavam as dores, eu disse “aumentou um pouco, já estou beliscando o Paulo”, ela então falou para marcarmos de se encontrar às 13:00 para avaliação no consultório, mas eu, ainda acreditando que nasceria no dia seguinte, falei, “estamos às compras agora, talvez a gente demore uns minutos pra chegar lá”. Então, saímos da sertão e fomos até o Comper às 11:38 comprar as coisas de comer. Chegamos no Comper e eu já cheguei sentando numa cadeira enquanto o Paulo pegava o carrinho, então falei pra mim mesma “putz, tá ficando tenso”. Tá, comprei algumas coisas com dores, e falei “não to acreditando que vai nascer hoje” kkk continuei comprando e em 7 min outra contração, dessa vez mais forte, falei para o Paulo vamos se apressar, não to aguentando. Faltava então mais um corredor para terminar às compras, e lá tive outra contração, então eu e o Paulo nos abraçamos e esperamos a contração que durou 40 segundos (cada vez ficava menor a duração), e por fim terminamos às compras, o Paulo me deu a chave do carro e disse “vai para o carro e descansa”, cheguei no carro, abri a janela pois eu estava suando frio, e continuei contando as contrações que já estavam mais frequentes e BEM DOLOROSAS à cada 5 minutos. Foi quando comecei a entrar em outro mundo, eu estava na Pardoulandia, em Nárnia talvez, e comecei a GRITAR o nome do Paulo, mas o mesmo estava no caixa do supermercado, ia demorar um pouco, mas mesmo assim eu continuava chamando por ele. Quando ele chegou e me viu gritando, percebeu que era hora da gente correr kkkk, ele enfiou as coisas no porta malas e saímos rápido, o certo seria irmos direto para o consultório, porém não tínhamos colocado a mala da Lara nem a minha no carro, mais estava tudo no jeito. Seguimos para a casa (o que levou 5 min) pq é perto, no meio do caminho mandei um áudio no grupo às 12:50 dizendo “não vou conseguir esperar até as 14:00, vamos arrumar as coisas no carro e vamos, as dores aumentaram e já comecei a gritar” (eu gritava muito, que o Paulo assustava). Chegamos em casa, desci do carro tirando meu vestido e fui para o chuveiro, aquela água morna me ajudava a voltar a realidade, o Paulo pegou uma cadeira e me deixou sentada no banho enquanto ele corria com as malas para o carro. Enfim quando tudo estava arrumado no carro, ele veio me tirar do chuveiro e eu disse “não quero ir, chama elas aqui”. Eu fiz xixi nesse momento e percebi que tinha perdido um pouco de sangue às 13:05, o Paulo então me tirou do banheiro e me levou para o quarto para secar e me vestir, eu cheguei deitando na cama, ele falava “amor, vamos”, eu então ajoelhei no pé da cama e disse “amor tem alguma coisa aqui” (já era a cabecinha dela querendo sair) ele não acreditou, ele só me dizia “vamos” e continuava a me secar, e eu brava porém quase sem voz disse “para de esfregar essa toalha em mim, tá doendo”. Por fim ele conseguiu me levantar e me vestir, mas eu tirei as mãos dele de mim e me deitei no chão toda encolhida. O Paulo falava firme comigo, mas eu não entendia mais nada, porém ele foi mais firme dizendo “amor, temos que ir, AGORA”, foi quando uma “lucidez” bateu em mim e eu consegui levantar. Eu estava sem forças já, mas levantei e sussurrei “pega o espelho”, e ele não entendia o que eu falava, eu fazia sinais e mesmo assim não me entendia, foi quando fui até o espelho e o peguei (eu queria o espelho pra ver se ela estava saindo), então o Paulo me levou para o carro e eu já deitei no banco de trás. Saímos voando para nos encontrar com a enfermeira obstétrica e a doula. Eu já não tinha mais noção de horário, de localização, de nada mais, parecia que eu tinha perdido a minha voz, eu não gritava mais, só sussurrava. Eu fui o caminho todo sem falar, somente sentindo a dor (principalmente a cada buraco que a gente passava nas ruas), e também observava com o espelho, como estava a minha dilatação. Quando eu recuperei por um instante a “lucidez”, perguntei para o Paulo onde estávamos, ele disse quase em frente ao supermercado extra, então olhei para o espelho e vi que meu “tampão” havia saído, mostrei para o Paulo e foi ainda mais rápido com o carro, e em menos de 5 min a minha bolsa estourou e eu disse “amor ela está vindo”. Eu vi o cabelinho da Lara, mais fiquei quieta, não contei para o Paulo, pois ele não acreditava e também ficaria mais nervoso. Passado mais um tempo perguntei novamente onde estávamos, ele disse “entrando na Av. Ceará”, eu olhei no espelho e vi a testa da Lara, então eu tentei não fazer força pra dar tempo de chegar, eu dizia ao Paulo “o amor da minha vida tá chegando” e ele achava que eu estava falando com ele, mas era a Lara o amor da minha vida (kkk). Então quando estávamos a 3 min do local, eu fiz força (pois estava com medo dela ficar pressa, então eu disse, “amor ela está vindo”, (nesse momento ele estava buzinando pra todo mundo sair da frente). Faltava duas quadras para chegar, eu estava no ápice atingindo os 10 cm (pois passou fácil) então veio aquela força que me fez expulsar a minha filha, eu disse “amor, ela está aqui” e a peguei no colo, foi quando ela chorou e por fim o Paulo acreditou. E ele então parou o carro para ver se estávamos bem, e eu assustada pois o cordão, estava puxando o pescoço dela, e minha perna estava em cima do cordão (foi confuso) mas consegui desenrolar. Enfim chegamos e o Paulo mandava áudio no grupo gritando, “NASCEU” e pedindo abre o portão. Foi correria, a Lara não aguentou esperar mais, porém deu certo, conseguimos chegar. E
então eu só sorria e amparava a minha filha nos meus braços. Sim ela nasceu nas minhas mãos, e eu consegui assistir todo o processo de saída através do meu “bendito espelho”. Foi lindo, foi mágico, eu não acreditava no que estava acontecendo, somente agradecia a Deus!
Quando eu desci do carro a Alice me amparou e nos levou até a suíte de parto para receber os cuidados. Eu consegui tudo que eu queria, que era poder ver ela saindo, poder amamenta-lá no primeiro momento de vida, poder ver o nascimento da minha placenta, poder esperar o último pulsar do cordão antes de ser cortado pelo Paulo.

Por fim, eu não consegui aquele sonhado parto na água e não terei outra oportunidade, mas o jeito que ela veio ao mundo foi tão lindo que me senti realizada por tudo ter fluido naturalmente, somente eu e ela 💕

Equipe de parto:
Enf Obst e Parteira Urbana: Alice
Doula: Mariksa Ungerer – Papo de gaia
Data: 24/08/2019

#partohumanizado #partodomiciliar #suitedeparto #Institutomaternar#papodegaia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *